segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Porque estás aqui rodeada deste mofo?
Deste provincianismo embutido até à medula,
Destes rostos que só reflectem possessão
Destas mentes flácidas.

Do director engravatado até à medula
Na sua boçalidade de poder endinheirado
Isolado numa cordialidade de almanaque,
Em que as palavras que lhe jorram
Percorrem uma distância
Entre o verbo e o sentir.

Os aspirantes,
Esses correm pela pista,
Sacudindo as suas vestes empoeiradas
Num confronto pretensioso.

Só mastigo esta carne, que me agonia
Num odor peçonhento
E uma flacidez em decomposição.
Face a esta ausência de surpresas,
À falta de deslumbre
Há que escarrar nos hábitos,
No conformismo.

Corroí a mente
Apodrece as carnes,
Aprisiona-nos
Com o seu cantar,
As belas roupas que escondem
Espectros.

À merda com a impotência,
Com a pequenez de espírito
Com a prostituição dos ideais.

domingo, 2 de setembro de 2012

Envolta numa capa de vergonha, a miséria
Que saí do bafio dos escritórios
Meneando as ancas
Com um ar malandro de chulo
Que tudo observa e nada vê,
Numa sofreguidão de consumo.

naquele canto,
Aquele rosto.
Será Maria, Rosalinda?

Uma face sumida
Transparente,
De uma magreza funebre,
A indiferença latente naqueles olhos
Num abismo negro e perturbador.

O que representa?

Desalento,
Indiferença,
Fome envergonhada.


Venias sociais,
Ocas,
Lambidas e cuspidas na sarjeta.

Futilidades,
Risos podres,
Emoções ausentes
Tudo envernizado e catalogado.