sexta-feira, 7 de dezembro de 2012





Numa viagem alucinante,
Salto de sonho em sonho
Por fragilidades constantes.

Num complexo de banalidades,
Que se instalam numa visão distorcida,
Sinto-me frágil.

Como uma criança,
Cada vez que me afasto
Para todos aqueles sítios inexistentes,
Os meus olhos cegam.

Na sedução do desconhecido
Os meus olhos fixam o que não existe,
E o sono instala-se.


sexta-feira, 9 de novembro de 2012


Gata Mia,
Gata, gatinha.
Que te transportas com uma altivez
Num menear e saltitar
Inesperado.

Gata Batata,
Gata, gatinha.
Que me adormecer com o teu ronronar,
Língua áspera e macia.

Equilibristas no arame
De bigodes empinados,
Enrolam-se em travessas e
Travessuras.




Sonhos que recordo
Numa amplidão vasta.

Ecos que percorrem o espaço
Neste murmúrio,
E me levam pelas suas cadeias,
Como sinapses perdidas.


Sem pensar, o tempo não me diz nada.
Olho para o espaço, sem palavras.
Onde me vou encontrar?

Numa imensidão lá longe
A onde serei transportada, 
A onde quero chegar
Nesta fúria de Viver?

Sem destino,
Sem dar importância,
Vou-me encontrar
Onde ninguém quer.


Escrever.

Paixão idiossincrática
Que nos leva a percorrer um encantamento.
O sortilégio das palavras
Que escorrem pelo papel como flores.


Lágrimas que brotam
Que surgem do grande vazio
Para daí quererem sair,
A saltitar numa alegria infernal.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012


O teu olhar amordaçado 
Vagueia sem destino
Num torpor cheio de encanto.

Procuras o mundo
Não o que vês,
Mas que anseias
Num espectar incrédulo.



Destino o que me entregas?
Serei o que?

Arrasta-me com a tua língua.
Atira directamente ao meu coração.


A luz da noite que me acompanha
Me persegue
Percorrendo os tejadilhos dos carros,
O empedrado da rua.
As lâmpadas
Que lançam a sua luz ácida,
Num rio de angústia.

Corre,
Corre,
Pelo teu ar.

Não te inebries pelo rosto gélido da melancolia,
Pelas pústulas da dor.



Sinto os dedos da noite que me arrastam
Numa angústia,
Num desencanto.

Uma nauseá constante
Num vazio de surpresas,
Num fastio.

Tudo tão efémero
Repletos de silêncios.

O eterno silêncio,
O eterno sossego,
O ires-te entregando a esta paz que te percorre,
Que te acalma,
Te enlaça no teu colo.

Sentes-te a flutuar,
Um sorriso de prazer se espelha nos teus lábios,
Como um êxtase de alegria.

As notas musicais transportam-te,
Levantam-te,
Entregam-te aquela paz
Para uma serenidade inimaginável.

A tua ausência.




sábado, 20 de outubro de 2012



Respiro e aguardo
Aguardo o toque,
Sem o sentir
Um frémito percorre-me.

Rasgas-me a roupa.

Escondemos os actos numa
Angústia 
Que passeia pelos nossos corpos. 

Após o prazer
Um sorriso no ar.
Um silêncio mudo
De Prazer Infinito.


Num sorriso de prazer 
que me percorre o corpo quando me tocas o rosto, 
Respiro...
E o ar quente envolvo-me nos teus olhos, 
perdendo-me. 

Neste toque, 
uma ilusão perdida 
que nos consume. 

Neste rio nos entregamos 
num sentido sem culpa. 

Pouco nos prende nesta vontade de sentir, 
a pele a queimar, 
o odor que percorre o espaço 
como uma canção que nos embala,

Envolvemo nos neste prazer, 
deixando-nos mudos, 
mudos nesta loucura desenfreada em que nos permitimos soltar.

Soltar num desejo louco 
e que se consume num minutos de horas.

Grita, 
grita o meu nome, 
porque no segundo seguinte 
transformo-me num sonho irreal.


Não apagues nada
Não apagues o que sentes,
Deixa-o consumir-te,
Devorar-te.

Não apagues de ti o desejo
Não apagues a vontade,
Deixa-o queimar-te,
Levar-te.

Não apagues a esperança
Não apagues a verdade,
Deixa a arrastar-te,
Sê Feliz.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Porque estás aqui rodeada deste mofo?
Deste provincianismo embutido até à medula,
Destes rostos que só reflectem possessão
Destas mentes flácidas.

Do director engravatado até à medula
Na sua boçalidade de poder endinheirado
Isolado numa cordialidade de almanaque,
Em que as palavras que lhe jorram
Percorrem uma distância
Entre o verbo e o sentir.

Os aspirantes,
Esses correm pela pista,
Sacudindo as suas vestes empoeiradas
Num confronto pretensioso.

Só mastigo esta carne, que me agonia
Num odor peçonhento
E uma flacidez em decomposição.
Face a esta ausência de surpresas,
À falta de deslumbre
Há que escarrar nos hábitos,
No conformismo.

Corroí a mente
Apodrece as carnes,
Aprisiona-nos
Com o seu cantar,
As belas roupas que escondem
Espectros.

À merda com a impotência,
Com a pequenez de espírito
Com a prostituição dos ideais.

domingo, 2 de setembro de 2012

Envolta numa capa de vergonha, a miséria
Que saí do bafio dos escritórios
Meneando as ancas
Com um ar malandro de chulo
Que tudo observa e nada vê,
Numa sofreguidão de consumo.

naquele canto,
Aquele rosto.
Será Maria, Rosalinda?

Uma face sumida
Transparente,
De uma magreza funebre,
A indiferença latente naqueles olhos
Num abismo negro e perturbador.

O que representa?

Desalento,
Indiferença,
Fome envergonhada.


Venias sociais,
Ocas,
Lambidas e cuspidas na sarjeta.

Futilidades,
Risos podres,
Emoções ausentes
Tudo envernizado e catalogado.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

O eterno silêncio,
O eterno sossego.

O ires te entregando a esta paz que te percorre,
que te acalma
te enlaça no seu colo.

Sentes-te a flutuar.

Um sorriso de prazer se espalha nos teus lábios,
como um êxtase de alegria.
As notas musicais transportam-te,
levantam-te,
entregam-te àquela paz
para uma serenidade inimaginável.

A ausência de ti mesma.


"O meu mundo não é como o dos outros,
Quero demais, exijo demais,
Há em mim uma sede de infinito,
Uma angústia constante que nem eu mesma compreendo,
Pois estou longe de ser uma pessimista;
Sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada.
Uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade... Sei lá de quê!"

Florbela Espanca

segunda-feira, 14 de maio de 2012


O que importa a beleza!

Para os olhos de outrem deslumbrar.

No seu vazio ecoarem,
E não se esquecerem desse
Eco!

Que te embala,
Que te adormece
E desperta num extase.

E  ali estás,
Na escuridão.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Num remoinho selvagem
De desconfiança,
Liberta o teu medo
Num mar de confiança.

Solta o teu sorriso
Esse segredo só teu.
Salva-te da loucura latente.

quarta-feira, 11 de abril de 2012


Sou a mariposa,
Um delírio vertiginoso
Numa espiral esvoaçante.

Quero romper, 
Voar,
Voar.

Sair deste casulo
Deste ninho corrosivo
Que me consume as entranhas.

Quero romper,
Voar, 
Voar.





A cavalo dado não se olha o dente

Que frase mais irritante.
Qual será a sua origem?
Se estivermos atentos, quantas vezes não a ouvimos?

Quem não se recorda em plenos anos 80 em que proliferavam as acções promocionais nas superfícies comerciais, em que tudo se oferecia desde toalhas, copos com os gloriosos logos das marcas, canetas, enfim uma parafrenália de coisas sem interesse. Pois que ninguém resistia, pareciam abelhas, estava aberta à época de caça à oferta.

Infelizmente esta atitude não mudou. Somos uns coleccionadores de ofertas inúteis, basta se intitular "Oferta". Que poder tem esta pequena palavra.

Quando o colega do lado nos oferece uma saudável batata resplendorosa na sua gordura ofuscante e com um perfume a croquete de gato, quantos são os dedinhos sôfregos que se levantam no ar e saem estas palavras:

"A cavalo dado não se olha o dente"

Aí pobres ouvidos!