A solidão será uma escolha
uma opção que me seduz, 
que lentamente me parece calma e acolhedora.
Nesta solidão me entrego, 
esquecendo-me de mim. 
Nos seus braços frios me recolho, 
com a minha alma adormecida.
Nesta letargia
a palavra escrita surge com um esplendor, 
uma força nunca antes sentida.
Fiel companheira das paredes que me encerram 
e que preencho numa fúria, 
até estar soterrada em palavras, 
que ecoam.
Escrever para que?
Talvez para não falar.
Talvez para gritar o que por dentro me corrói.
Para sair deste poço escuro e húmido.
Tento subir as paredes da minha mente, 
que me levam em círculos
para cima e para baixo, 
não me largando nesta dor insana.

 
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