sexta-feira, 9 de novembro de 2012


Gata Mia,
Gata, gatinha.
Que te transportas com uma altivez
Num menear e saltitar
Inesperado.

Gata Batata,
Gata, gatinha.
Que me adormecer com o teu ronronar,
Língua áspera e macia.

Equilibristas no arame
De bigodes empinados,
Enrolam-se em travessas e
Travessuras.




Sonhos que recordo
Numa amplidão vasta.

Ecos que percorrem o espaço
Neste murmúrio,
E me levam pelas suas cadeias,
Como sinapses perdidas.


Sem pensar, o tempo não me diz nada.
Olho para o espaço, sem palavras.
Onde me vou encontrar?

Numa imensidão lá longe
A onde serei transportada, 
A onde quero chegar
Nesta fúria de Viver?

Sem destino,
Sem dar importância,
Vou-me encontrar
Onde ninguém quer.


Escrever.

Paixão idiossincrática
Que nos leva a percorrer um encantamento.
O sortilégio das palavras
Que escorrem pelo papel como flores.


Lágrimas que brotam
Que surgem do grande vazio
Para daí quererem sair,
A saltitar numa alegria infernal.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012


O teu olhar amordaçado 
Vagueia sem destino
Num torpor cheio de encanto.

Procuras o mundo
Não o que vês,
Mas que anseias
Num espectar incrédulo.



Destino o que me entregas?
Serei o que?

Arrasta-me com a tua língua.
Atira directamente ao meu coração.


A luz da noite que me acompanha
Me persegue
Percorrendo os tejadilhos dos carros,
O empedrado da rua.
As lâmpadas
Que lançam a sua luz ácida,
Num rio de angústia.

Corre,
Corre,
Pelo teu ar.

Não te inebries pelo rosto gélido da melancolia,
Pelas pústulas da dor.



Sinto os dedos da noite que me arrastam
Numa angústia,
Num desencanto.

Uma nauseá constante
Num vazio de surpresas,
Num fastio.

Tudo tão efémero
Repletos de silêncios.

O eterno silêncio,
O eterno sossego,
O ires-te entregando a esta paz que te percorre,
Que te acalma,
Te enlaça no teu colo.

Sentes-te a flutuar,
Um sorriso de prazer se espelha nos teus lábios,
Como um êxtase de alegria.

As notas musicais transportam-te,
Levantam-te,
Entregam-te aquela paz
Para uma serenidade inimaginável.

A tua ausência.